
Você fica horas na loja, escolhendo sem pressa, os melhores tecidinhos, surta com tantas florzinhas lindas, bolinhas e cores de enlouquecer, decide o que quer levar e enquanto o vendedor corta você avista de longe os botões de coração... enlouquece de novo e leva alguns.
Depois de lavar, passar e às vezes até engomar, você corta, costura, borda, e finaliza com um lacinho ou com o tal botão de coração.
Tudo pronto, até parece que foi fácil né?
Pois é, mas a gente que trabalha em casa, e tenta sobreviver de artesanato, sabe que não é bem assim. Nós artesãos sabemos que além de todo esse processo, tem as famosas paradinhas pra fazer o café, o almoço, o jantar, recolher a roupa no varal, atender ao telefone, responder e-mails, ir ao banco, ao sacolão, levar e buscar crianças na escola, achar bermudas, conferir cadernos, separar algumas briguinhas e decidir qual dos filhos vai usar primeiro o computador, dar uma atenção ao marido, correr para fechar as janelas na hora da chuva, e mais um monte de outras tarefas, e olha que eu nem falei do processo de criação, dos testes que fazemos, antes de colocar nossos produtos no mercado, da nossa busca pela qualidade e pelo melhor acabamento.
Na feira de artesanato, ou na sua própria casa, lá está você, orgulhosa diante do seu trabalho, e parada diante de alguém que na maioria das vezes desconhece o verdadeiro passo a passo de um produto artesanal.
Seu cliente olha, vira, revira, e sem nenhum cuidado desfaz o laço, olha por dentro, faz um monte de perguntas, e você continua ali, em pé, com um sorriso meio forçado, sentindo na pele aquela mão pesada, tocando seu trabalho, sua arte, de qualquer jeito, esperando que “ela” decida.
Se você é do tipo desinibida, enquanto seu trabalho é apalpado de todas as formas, você vai dando informações sobre o tecido, dizendo que é 100% algodão, pré-lavado, e vai tentando a todo custo convence-la de que seu produto “presta”, mas mesmo diante de todo seu esforço, a “cliente”, que sempre tem razão, vai embora, levando na mão seu cartão.
Você respira, faz novamente o laço, afinal esse é o seu trabalho, e quando pensa em sair correndo, lembra das contas, dos compromissos que fez, e do livro de auto ajuda que leu, e prefere acreditar que no final tudo vai dar certo.
Volta sorridente para a porta do stand, ou simplesmente volta para o seu cantinho a espera de uma nova cliente.
Bom, e quando você está diante de alguém, que você jura, mesmo sem ter uma bola de cristal, que tudo que ela quer é descobrir como se faz? E sem nenhum constrangimento ela vira literalmente seu trabalho do avesso e ainda pergunta com cara de paisagem:
Essa costura é a mão ou a máquina?
Você trabalha sozinha?
Claro que você vai se controlar vai sorrir e responder.
E no próximo ano ela vai estar lá novamente, só que desta vez, no stand do lado do seu.
E mais uma vez você vai sorrir, porque afinal o sol nasceu pra todos.
Essas são apenas algumas das situações que com certeza a maioria das pessoas que dependem de venda e expõem seus produtos já passaram ou ainda vão passar.
Vender não é tarefa fácil e eu definitivamente, por incrível que pareça não sei vender, mas com o passar do tempo eu fui encontrando alguns “jeitinhos”, para amenizar esse “sofrimento”.
Quer saber o que foi que eu fiz?
Eu conto tudo na minha apostila, que está no forno, sendo preparada com muito carinho.
Aguardem!
Muitos bjs...♥
carlapianchão