(wip)

Criar é um processo maravilhoso, que tem que ser desenvolvido, trabalhado, buscado...
No momento da criação, tenho algumas particularidades, que, confesso, dificultam a minha rotina. Não sei criar no meio de barulho, gente pra lá e pra cá, telefone tocando, campainha, filhos gritando mãe...
Tenho tentado me adaptar e encontrar a melhor forma. Ficar no meu cantinho, por horas, entre cores, possibilidades, idéias é pra mim, um alimento.
A nossa imaginação é como nossos sonhos, podemos viajar longe, colorir nossos trabalhos com cores exclusivas, que nem as grandes “marcas”, descobriram.
Podemos juntar, costurar, tudo tranqüilamente sem precisar de pezinhos especiais, de máquinas de última geração.
Imaginar e sonhar são bem diferentes da realidade. Na hora de colocar em prática o que sua mente imaginou, de realizar o que você sonhou, aí, já em terra firme, a estória é bem diferente.
Quando eu comecei neste mundo de tecidinhos e cores, eu era totalmente indisciplinada e rebelde. Imaginava e já ia logo cortando, costurando e literalmente me desesperando quando percebia que não era bem assim. O que eu imaginei se perdia e eu deixava de lado tecidinhos estatelados, e começava de novo... e tome tecidinhos, linhas, tempo...
Hoje, depois de alguns anos de janela, menos rebelde, muito mais disciplinada e assustadoramente, mais paciente, quando se trata do meu trabalho, já não me perco tão intensamente, me permito sonhar sonhos possíveis, imaginar com calma, algo mais real, sou mais cautelosa, e antes de estraçalhar meus tecidinhos, às vezes, até coloco no papel.
Ainda “perco” um tempinho, mas ganho na satisfação.
Talvez até, eu perca alguns clientes, porque as pessoas têm pressa, são imediatistas, mas tenho que pagar este preço, eu definitivamente não sei trabalhar com peças iguais, com tempo marcado... por mais que eu precise do retorno financeiro, eu preciso loucamente de criar, de viajar na minha imaginação, de contar estórias...
Enlouqueço-me, fico literalmente travada, com o tic-tac do relógio, quando estou no meu cantinho. Por isso só trabalho com peças prontas. Mesmo que eu use um bloco de patch, tenha certeza que vou entortar aqui, mudar ali... por isso sempre faço questão de frisar, que o patchwork foi apenas o meu ponto de partida, e continua sendo minha fonte de inspiração, mas me dou o direito de não seguir a risca as técnicas que uso.
Mesmo que eu faça várias bolsas do gato, elas nunca serão as mesmas. O meu gato Romeu vai estar lá, de olhos juntinhos, mas a sua volta tudo será diferente, a cor, as flores, detalhes.
A Maria Magricela vem aí de vestido de flor, escondendo suas pernas finas, que pra ela é um problema e pra mim é um charme, já os braços, que também são finos, ela já não se incomoda de mostrar. mas vem diferente, pintou os cabelos, trocou de sapatos... e sempre rodeada de muita cor.
Trazer sonhos para a realidade, colocar sua imaginação em prática, contar estórias... é criar, é se deliciar com sensações, cores, texturas... é viver literalmente da arte, é sentir o coração bater!
Criar é fazer diferente!
Abraços... muitos, a todos que passarem por aqui, a todos que “conseguirem” ler o meu texto... até o fim, sem pular nem uma frase.
Tenham uma linda semana!
Carla Pianchão