
Olhando bem pra mim
Vejo que ainda me perco na saudade
Ainda choro sem controle
Ainda choro tanto...
Sinto tanto... sua falta!
Droga de cena que não me sai da cabeça
De um fim que era esperado
Mas não diminui a dor que sinto em meu peito
Uso o Pianchão com orgulho
Como um remédio para cicatrizar meu coração
Quem sabe uma varinha de condão
Pra me fazer novamente criança
Levar-me de volta para o portão
Daquela casa...
Onde eu ficava a esperar por ele...
Quase ouço minha voz gritando:
-Papai chegou... Papai chegou...
E ele descia do carro grande, queimado de sol, depois de longos dias de trabalho no campo.
Um charmoso chapéu na cabeça
Uma camisa com as mangas enroladas, porque mesmo debaixo de sol, ele não abria mão das mangas compridas...
Uma bota que ao tocar o chão me dava à certeza de ser ele...
Um típico nordestino... meu pai!
Abraçava todos, um por um, e por último olhava minha mãe com olhos cheios de saudade, e a beijava...
Alimentei-me tantas vezes desta cena...
...
carlaPIANCHÃO